Desde sua campanha presidencial, o Presidente Bolsonaro sempre se posicionou contra a exigência de aprovação no exame da OAB para atuação de advogados. O presidente acredita que ter se formado na faculdade, ou seja, ser bacharel em direito, já atesta capacidade ao formado em exercer a profissão de advogado. A proposta, no entanto, foi recusada na Câmara.
A afirmação de Bolsonaro, no entanto, se mostra contraditório, pois se o bacharel em direito realmente está apto a ser advogado, como é que esse mesmo bacharel, após 5 anos estudando, não consegue ser aprovado em uma prova que não tem concorrência, bastando na primeira fase acertar a metade das questões que são de multipla escolha e na segunda fase acertar apenas 60% da prova escrita? Não faz sentido! Não existe essa dificuldade exacerbada no exame da ordem. É claro que tem sua dificuldade, tendo em vista, em regra, ser o candidato recém formado, mas é um nível de dificuldade aceitável. Ou seja, é uma questão de mérito de quem realmente estudou o mínimo para ser considerado habilitado para o mercado de trabalho.
O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar sobre o assunto enquanto atendia apoiadores na porta do Palácio Alvorada. Questionado por um eleitor, Bolsonaro voltou a se posicionar a favor da dispensa da prova da OAB e relatou dificuldade em atender a essa demanda por rejeição da Câmara.
O atrito com a OAB também tem outros motivos, no entanto. Não é de hoje que o presidente alimenta tensão com o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB. A Ordem é presidida atualmente por Felipe Santa Cruz, filho de Fernando Santa Cruz, militante opositor a ditadura militar que foi assassinado pelo regime. Em outras ocasiões, a tensão entre Bolsonaro e Santa Cruz foi marcada por declarações graves do presidente.
Em julho de 2019, quando a OAB atuava na investigação contra Adélio Bispo, responsável pelo atentado contra Jair Bolsonaro, o então candidato fez declarações graves. Dentre outras coisas, Bolsonaro negou que Fernando tenha sido morto pelo Estado e defendeu que “a própria esquerda” teria o matado.
Apesar das declarações de Jair Bolsonaro, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, que possui vinculo federal, atestou que Fernando Santa Cruz foi morto pela ditadura militar. Assim como outros militantes da época, o corpo de Fernando jamais foi recuperado. Investigações apontam a existências de valas comuns onde corpos de opositores políticos eram descartados.
O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz chegou a cobrar explicações sobre as declarações de Bolsonaro e reafirmou o atestado da Comissão Especial. A Ordem ainda não se manifestou sobre a defesa da suspensão do exame.